sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Tecnico de necropsia revela os bastidores da profissão


Sergio Honorio
45 anos
22 de necropsista



A função de um técnico em necropsia é de abrir um cadáver, mexer em todos os órgãos, retirá-los caso seja necessário e fechar o corpo. Enquanto isso, o médico legista ou patologista faz as análises para concluir o laudo e as causas da morte.

Inicie trabalhando como auxiliar de enfermagem aos 18anos, na área de saúde.


Depois fiz o tecnico de enfermagem e durante o curso conheci a área de necropsia, onde consegui fazer estagio no SVOC da FMUSP em 1992.


Em 1994 prestei concurso e fui trabalhar na anatomia patologica do hospital JUQUERI. Nesta época conheci muito da historia dos antigos necropsistas.


Em 1996 fui convidado para trabalhar como tecnico de necropsia no hospital Tatuapé pelo PAS.


Em 2000 acabou o PAS e fomos todos detidos, foi ai que descobri que não somos regulamentados e nem a justiça do trabalho conhece bem nossa função, pois perdi o processo trabalhista. Não consegui ganho de insalubridade e horas extras. Assim que percebi que nossa profissão não é reconhecida pelas pessoas ou autoridades como muitos juízes trabalhistas. A justiça não viu o risco e a insalubridade que temos na nossa área. Dai em diante não acreditei mais na justiça trabalhista em pró da área de necropsia e com amigos começamos a divulgar, ensinar e romper os preconceitos.

*Até hoje buscamos apoio politico para levar um projeto de lei que reconheça e regulamente nosso trabalho.


Em 2005 fui trabalhar no SVO de Guarulhos. Conheci grandes profissionais da área e houve interesse geral para dar apoio aos políticos que apoiassem nossa causa. Como em todos os locais onde o necropsista trabalha, tivemos dificuldades e defasagem de salario, mas com persistência, conseguimos melhorar um pouco em relação ao que era ate alguns anos atrás.



Anos lidando com a morte
Como necropsista ja vi muito nestes 22anos.
As historias são variadas, as vezes engraçadas como quando o braço do cadáver escorrega e bate na bunda de alguma enfermeira desprevenida...o susto é muito divertido. Mas também ha casos muito tristes como colegas que chegam no trabalho do IML e encontra a própria filha na maca para necropsia. Ja vi colegas que perderam parentes e amigos ou de colegas que fizeram necropsia em vizinhos e amigos. No momento da atuação como necropsista da pra separar as coisas, mas a ficha sempre cai quando o corpo esta no velório. Lidar com a morte não nos faz imunes a sentimentos de perda e as vezes as perdas são mais doloridas para que já trabalha com a morte. Mas é mais rápido de se adaptar, mesmo nesse processo de adaptação conseguimos separar a nossa perda da nossa atuação profissional. Enfim, realmente precisa ter um bom psicologico.
Eu ja me deparei com inicio de uma cena de necrofilia no necroterio por um funcionário de outra área, mas ao me ver, ele parou e saiu do necroterio antes que eu pudesse expulsa-lo. Esse tipo de mentalidade doentio não é comum entre os necropsistas, mas muito mais comum em áreas da saúde ou outras que lidam com o corpo em locais privativos e sem câmeras...Hoje em dia as câmeras de vigilância são mais comuns e inibem esses impulsos monstruosos nos necroterios. Os necropsistas antigos eram pessoas humildes e sem preparo, que tinham desvio de função. Atualmente é preciso ser concursado e ter curso. Eu atuo tambem como instrutor ou professor de necropsia.



2015
Atuei como necropsista e coordenador do curso de tanatopraxia do CENTRO DE TREINAMENTO TAMAVEL.


2017
Iniciei um trabalho de cursos livres online, atuando junto com cursos de necropsia online para pessoas que residem foram de locais que tem esse tipo de curso.

Participação em palestras pra curso de tanatoestética


2018
Estou empenhado no apoio politico para regulamentação da profissão de necropsia. Para isso, hoje contamos com o deputado Ricardo Izar e sua equipe.


Eles estão empenhados em levar nosso projeto adiante no congresso.


Tanatosemiologia: processos cadavéricos

Tanatosemiologia: (morte+sinal+estudo): Parte da Tanatologia que estuda os sinais (fenômenos) cadavéricos.



MORTE.

Opcionais: Angiografia e Cintilografia.
Fatores Legais. - É um fenômeno intimamente ligado ao direito. - Cessa a personalidade civil adquirida com o nascimento e advém as consequências jurídicas. - Põe a termo a capacidade jurídica. - Termina a aptidão de ser titular de direitos. - Seus bens se transmitem desde logo para seus herdeiros. - Com a morte do réu extingue-se a punibilidade. - Extingue-se o pátrio poder etc.

Resfriamento do corpo. Também conhecido como algidez cadavérica. Certa divergência entre esta relação. Deriva de fatores mesológicos e naturais. Temperatura do corpo no momento da morte. Temperatura do ambiente. Idade. Panículo adiposo. Vestimentas.



Rigidez cadavérica. É resultante da supressão de oxigênio às células e, conseqüente acúmulo de ácido lático; Começa entre 1 e 2 horas após a morte; Inicia-se na mandíbula e na nuca e progride no sentido crânio-caudal; Desaparece após 24 horas



Livores de hipóstase. São manchas que se formam nas partes em declive do cadáver, por conseqüência da ação da gravidade sobre o fluxo sanguíneo. Habitualmente têm tonalidade violácea, Surgem em torno da segunda hora após a morte, Fixam-se em torno da 10ª hora.



PERÍODO GASOSO - 1° DIA – Bactérias anaeróbicas > gases não inflamáveis. (CO2) 2° ao 4° Dia – Bactérias facultativas > gases inflamáveis. ( Hidrogênio e carbonetos) 4° dia em diante > só gases não inflamáveis. (N e NH4) PERÍODO GASOSO FLICTENA DA PUTREFAÇÃO (é uma elevação revestida por epitélio contendo líquido. É sinônimo de bolha) - Líquido escuro. - Presença de gás.


Fase coliquativa. Começa no fim da primeira semana, A pele se rompe, Os orifícios naturais se entreabrem, As partes moles começam a se desfazer, As partes moles vão se reduzindo de volume e o corpo perde sua forma, Os insetos necrófagos proliferam, acelerando o processo, Pode durar de um a vários meses



Fase de esquelitização. Inicia, geralmente, entre a 3ª e 4ª semana, Os ossos vão ficando expostos por destruição completa das partes moles, Varia de 10 dias (ao ar livre) até vários meses ou anos.



Saponificação. Também conhecida por adipocera. Fenômeno transformativo conservador em que o cadáver adquire consistência untuosa e mole: sabão ou cera. Normalmente atinge partes do cadáver. Inicia-se na fase de putrefação e é facilitado pelas condições do ambiente.



Mumificação. Pode ser natural ou artificial, No processo natural ocorre a desidratação rápida e conseqüente ressecamento da derme e epiderme, O cadáver tem seu peso reduzido, a pele torna-se seca e dura, enrugada, os dentes e unhas se conservam, o volume da cabeça diminui, Os músculos, tendões e vísceras esfarelam-se à pressão.




FETOS
MACERAÇÃO Processo transformativo do cadáver em que atuam enzimas existentes nos tecidos. A maceração asséptica ocorre na ausência de bactérias. (feto no interior do útero) A maceração séptica ocorre em cadáveres total ou parcialmente submersos. Neste caso temos parte do cadáver macerado e parte putrefato.
MACERAÇÃO A maceração é um fenômeno de transformação que ocorre no cadáver quando em meio aquoso como nos afogados (maceração séptica), ou pode ocorrer no feto quando morre no útero da mãe do sexto ao nono mês de gestação (maceração asséptica). Há o destacamento de amplos segmentos cutâneos, devido ao fenômeno da embebição da hemoglobina, fazendo com que a epiderme se solte facilmente, além dos órgãos soltarem-se dentro do ventre. Apresenta diversos sinais, como o de Spalding (cavalgamento dos ossos da abóboda craniana), Harley (perda da configuração da coluna vertebral), Damel (halo pericraniano translucido), Spangler (achatamento da abóboda craniana), entre outros. Pode se apresentar em graus: a) no primeiro grau há presença de flictenas na epiderme contendo líquido serosanguinolento (primeira semana de morte); b) no segundo grau há ainda as flictenas, liquido amniótico sanguinolento e epiderme arroxeada (segunda semana de morte); c) no terceiro grau há a deformação craniana, infiltração hemoglobínica das vísceras e córion de tonalidade marrom escura.


Tanatologia e luto para necropsistas


tanatologia
substantivo feminino 1. teoria ou estudo científico sobre a morte, suas causas e fenômenos a ela relacionados. 2. med.leg rotina de realização de autópsias.


Na mitologia da Grécia antiga Thanatos é um personagem que aparece em inúmeros mitos e lendas. Filho de Nix (a Noite) e Érebo (a Escuridão) e irmão gêmeo de Hipnos (o Sono), habitava os Campos Elíseos (o paraíso do país de Hades, o mundo dos mortos). Thanatos é a personificação e é o deus da morte.

A palavra Tanatologia provém de: Thanatos= morte e Logos= estudo. Ou seja, o estudo da morte e do morrer, especialmente em seus aspectos psicológicos e sociais. Assim, a Tanatologia é a ciência da vida e da morte que visa entender o processo do morrer e do luto.
A Tanatologia Forense é o ramo das ciências forenses que partindo do exame do local, da informação acerca das circunstâncias da morte, e atendendo aos dados do exame necrópsico, procura estabelecer: - a identificação do cadáver - o mecanismo da morte - a causa da morte - o diagnóstico diferencial médico-legal (acidente, suicídio, homicídio ou morte de causa natural).
Tanatologia do luto para profissionais de necropsia
A tanatologia não enfoca seu estudo apenas na morte física em si em sua complexidade, mas também os desdobramentos desta no que diz respeito às perdas e como as pessoas lidam com estas. Essas perdas estão relacionadas diretamente com o apego, este só é vivenciado com elementos que as pessoas tenham certa proximidade. A dificuldade das pessoas lidarem com as perdas deve-se, segundo Escudeiro (2008), ao fato de ir de encontro ao que os humanos estão acostumados, pois faz parte da condição humana a propensão das pessoas a querer sempre ganhar. A tanatologia se mostra uma ciência demasiado importante, visto que seus pressupostos servem de pilar para toda a existência humana, pois a morte está presente em toda a vida. “Por trás dos sentimentos de desânimos e depressões, das necessidades de angústia, das diferentes fobias e muitas esquizofrenias, se esconde o medo da morte”. Zillboorg (1943 como citado em Becker, 2007) No tocante à sua presença nos cursos de saúde, há diversas discussões que afirmam em sua maioria sua relevância, visto que a maioria dos profissionais em suas práxis lida com a morte de forma direta ou indireta. Apesar dessas considerações, a tanatologia ainda não alcançou as proporções esperadas por seus defensores, apesar de estar emergindo cada dia mais. Dentre os temas abordados e explorados pela tanatologia, está o luto. “Luto é um processo inerente a uma perda: toda perda significativa pressupõe o luto, um processo que visa retirar a energia fixada no objeto perdido e redirecionada para outro objeto.” Freud (1917 como citado em Escudeiro, 2007). Segundo Melo (2004) o luto é um processo necessário para que o vazio deixado pelo que foi perdido volte a ser preenchido. Segundo Sanders (1999 como citado em Melo, 2004, p.4) o luto representa o estado experiencial que a pessoa sofre após tomar consciência da perda, sendo um termo global para descrever o vasto leque de emoções, experiências, mudanças e condições que ocorrem como resultado da perda. Esse luto, apesar de ser universal, é vivenciado de forma diferente entre os seres que passam por ele, além de ser encarado de forma diferente pela mesma pessoa em diferentes momentos do desenvolvimento humano. Baseada na obra de Worden (1991) Sandra Melo elenca sentimentos comuns no processo de luto, a saber: Tristeza, raiva, culpa e autocensura, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo, choque, anseio, emancipação, alívio, torpor. Considerando a riqueza dos trabalhos na área da tanatologia, pode-se perceber a relevância dos estudos relacionados à morte, às questões intrínsecas à esta e às consequências na vida dos seres.

A Morte e o Homem: um breve histórico

O homem sempre viveu sob o impacto da morte. No século XIV, por exemplo, a “peste negra” que determinou graves perturbações econômicas, sociais e psicológicas, caracterizou a visão catastrófica da morte que atormentava e angustiava a sociedade. A morte era prematura, infligia tormento insuportável e tornava o homem um objeto repugnante para si e para o outro. Adultos e crianças sabiam que logo morreriam e o indivíduo arcava sozinho com a fúria da “morte negra”, pois a defesa tecnológica era insuficiente, os procedimentos médicos eram inúteis e o controle, os ajustamentos sociais, a religião e a magia tampouco ajudavam. A morte, portanto, era inevitável.

Vale dizer que a esta época não havia promessa de gloriosa imortalidade e a morte era vista como terror e fonte de castigo. A expectativa de vida era limitada, havia maior proximidade física com a morte e sensação de pouco ou nenhum controle sobre a natureza. Assim, a morte, embora temida, era considerada natural durante a idade média, passando a ser ocultada a partir do século XIV. Se na antiguidade o homem jamais perdia de vista a idéia de que iria morrer, mais tarde adota a mentira sistemática ou o silêncio, como forma de afastar do cotidiano a morte inevitável.

O século XIX caracterizou-se por uma preocupação interessante, por parte das mulheres e dos clérigos, em fazer com que as crianças mortas fossem imaginadas vivas num além parecido com uma “Terra sem Mal”, onde esperavam a reunião de toda a família. A mãe idealizava a criança morta e chegava até a servir-se dela como um anjo ou santo, perpetuando as suas formas idealizadas através de estátuas, de forma a comover violentamente a todos que as vissem. Ariés (1989) (apud. Angerami-Camon- Org) aponta uma significativa mudança em relação ás atitudes perante a morte nas sociedades ocidentais a partir do século XX, em que cada vez mais a morte é banida do discurso cotidiano, é afastada, ocultada e temida.

Na sociedade atual, prevalece a negação da temática morte. Esta negação da existência da morte causa grandes dificuldades aos adultos em nível existencial, bem como dificulta, sobremaneira, a adequada compreensão do processo pelas crianças. Antigamente, o velório ocorria na casa do morto, contando com a participação da família, amigos, parentes e comunidades. O velório caracterizava-se pelo momento de rever e se despedir do falecido, estimulando as emoções, trazendo-as á tona para que se baixassem as defesas diante da situação da morte.

Atualmente, em contrapartida, o velório ocorre longe das casas dos mortos e o enterro é providenciado o mais rápido possível. Em ambos, as demonstrações de pesar ou lágrimas são desencorajadas. Não raro, expressão como “o homem não chora”, “seja forte”, “foi melhor assim”, são fatores de repressão dos próprios sentimentos, principalmente em se tratando de sentimentos expressados pelo sexo masculino. No caso das mulheres enlutadas, é esperado que “cuidem” dos que ficaram, sejam eles filhos, companheiros, irmãos, genitores, enfim não se pode “chorar” o morto, pois a vida à sua volta continua e a mulher tem um “papel” fundamental na situação de bem- estar dos familiares vivos.

O significado da morte vem sendo estudado, sofrendo influências históricas e culturais ao longo do tempo. Da mesma forma, os rituais a ela relacionados variam de acordo com a história de um povo e sua cultura. O homem moderno tem procurado mecanismos que permitam o distanciamento da morte mediante cuidados com a saúde física, evitando ou se protegendo contra os riscos da morte antecipada, não se expondo a situações de muita vulnerabilidade e riscos desnecessários. Fugir da morte ou do enlutamento pode ser perigoso. Cassorla (1998) chama a atenção para o problema resultante do luto mal-elaborado quando o mesmo, tal qual doença contagiosa é afastado por várias gerações de uma família, o que pode trazer danos futuros aos seus membros no que tange à baixa do sistema imunológico com conseqüente aparecimento de doenças, como também colaborando com o desenvolvimento de comportamentos anti-sociais, como a criminalidade, o uso de drogas e o suicídio.

Vale ressaltar que o luto mal-elaborado também se encontra presente entre os profissionais de saúde que lidam diretamente com pacientes terminais, que tendem a não expressar seus sentimentos de tristeza, de dor e de pesar por meio do abafamento dessas sensações, em busca da eficácia de suas atividades laborais. Porém, ao camuflarem os seus sentimentos de pesar, estes profissionais podem comprometer a relação com seus pacientes pelo fato deles se apresentarem-se formais e impessoais no trato com os mesmos (KÓVACS, 1998; 2002; KÜBLER-ROSS, 1996; 1998)

A Criança Diante da Morte

De acordo com Bowlby (1984), antes que alguém possa compreender o impacto da perda e o comportamento humano a ela associado, deve-se compreender o significado do apego. Segundo ele, o sentindo básico do apego pode ser definido como o tom emocional entre as crianças e seus genitores e é evidenciado quando o bebê procura e se agarra à pessoa que dele cuida e normalmente essa pessoa é a mãe.

Na primeira fase chamada pré-apego, que acontece do nascimento até 12 semanas, o bebê se orienta por sua mãe, segue-a com os olhos. Na segunda fase, chamada de formação do apego de 12 semanas a 6 meses, o bebê se apega a uma ou mais pessoas do ambiente. Na terceira fase, conhecida como formação do apego que dura de 6 a 24 meses, a criança chora muito e demonstra outros sinais de perturbação quando separada da figura de apego ou da mãe. Já na quarta fase, que ocorre entre os 25 meses ou mais, a figura materna é vista como independente, e inicia-se um relacionamento mais complexo entre a mãe e a criança.

Na visão de Assunção (2005), a criança urbana tem muito pouco contato com a morte natural. Através da televisão ela vê, com muito maior freqüência, a morte brutal. Isto impacta negativamente a criança que cria certa repugnância por esse fenômeno natural com o qual as crianças do meio rural lidam muito melhor.

Na natureza percebe-se claramente a interação entre a vida e a morte: o dia morre para nascer à noite. A flor morre para nascer o fruto. As etapas da vida vão morrendo para dar lugar a outras que vão nascendo. E por vivenciarem no seu cotidiano a morte de uma forma tão natural, as crianças quase não a temem.

Diante do exposto, percebe-se que falar com as crianças sobre a morte, de uma maneira natural e sempre que aparecerem oportunidades para isso, é saudável e oportuno. E, quando morre alguém na família, não se deve privar a criança de participar dos ritos fúnebres, exceto quando a própria criança se recusa a fazê-lo. Mesmo nesses casos, reitera Assunção, deve-se conversar com ela, explicando-lhe o que aconteceu. Caso ela manifeste o desejo de participar, torna-se necessário conduzi-la da maneira menos traumática e mais natural possível, no caminho entre a aproximação e a despedida.

Ainda de acordo com Assunção (2005), as crianças até 5 anos de idade não reconhecem a irreversibilidade nem a universalidade da morte. Também não são capazes de distinguir a diferença entre aqueles que morreram (seres vivos) e aqueles que não morreram (por exemplo, um boneco). Portanto, querer dar-lhes explicações dentro desses conceitos será uma tarefa difícil. Já entre 6 e 9 anos, elas compreendem a irreversibilidade da morte e distinguem os seres humanos que morrem dos objetos que não morrem, por isso é mas fácil conversar com elas sobre a morte. Nessa idade, afirma o autor, já existe uma compreensão quase completa do que é a morte. Assim, é necessário dizer a verdade para a criança, uma verdade que ela possa compreender e que a ajude a sentir-se apoiada em seu sofrimento, que reforce a confiança que ela tem nos adultos que a cercam, que não a abrigue a negar ou esconder os seus sentimentos, o que lhe assegurará um equilíbrio frente às situações de perda durante sua vida adulta.

Desse modo é importante que a criança perceba o quanto a dor da perda também nos afeta para que possa expressar seus próprios sentimentos, o que sugere uma oportunidade de corrigirmos algumas distorções que o egocentrismo e o pensamento mágico possam trazer. .A criança, percebendo que a vida continua e que não há necessidade de apagar o amor por aqueles que partiram nem esquecer as alegrias com eles vivenciadas, não acrescentará mais dor ao seu sofrer (ASSUNÇÃO, 2005). Para falar com a criança sobre a morte é preciso sensibilidade para considerar os sentimentos da criança. Confrontada precocemente com a morte, especialmente com a morte de um dos pais, a criança não viverá mais no mesmo mundo de antes. Quem fica não pode apagar essas marcas, mas não precisa acrescentar outras, igualmente dolorosas.


A Morte para o Adolescente e o Adulto Jovem


Na perspectiva do desenvolvimento fisiológico, Papalia e Olds (2000) definem adolescência como um momento que se inicia por volta dos 12 anos, quando o indivíduo atinge a puberdade, e finaliza próximo aos 20 anos. Associada às mudanças físicas, se evidencia a busca por autonomia, o que resulta numa fase intensa, caracterizada por situações conflitantes e ansiogênicas, que terão influência significativa nas formas como a pessoa enfrentará os desafios futuros. Calligaris (2000) postula que o adolescente, no seu contexto familiar, geralmente perde o olhar de amor incondicional que lhe era dado quando criança e não ganha os direitos e o reconhecimento de um adulto. Tal fato distancia o adolescente de sua família e o aproxima de grupos nos quais pode ser reconhecido como igual. Trata-se de uma época caracterizada pela vulnerabilidade, o que se traduz muitas vezes em sofrimento psíquico e em episódios de depressão, por exemplo.

Segundo Bee (1997), o final da adolescência ocorre por volta dos 20 anos, dando início ao período compreendido como “adulto jovem”. Essa etapa é descrita pela autora como o ápice do desenvolvimento físico e cognitivo. As expectativas prescritas para essa etapa giram em torno de definições profissionais, da conquista da autonomia e de relacionamentos mais estáveis, no que tange à sexualidade e à constituição da família (PAPALIA; OLDS, 2000; ERICKSON, 1976). Cabe ressaltar que essas expectativas demandam estabilidade e não consideram as descontinuidades que povoam a vida na contemporaneidade, entre elas, a morte.

Paradoxalmente, no que se refere às expectativas de vida de jovens, significativas transformações têm ocorrido, de modo que a morte deixa de ter um significado social e cultural distante do cotidiano. Cada vez mais, devido a fatores como a violência em diferentes âmbitos e a doenças infecto-contagiosas, os jovens têm se deparado com a morte. Domingos e Maluf (2003) consideram que a perda ocasionada pela morte da pessoa próxima, na maioria das vezes, provoca uma desorientação profunda na vida dos adolescentes. Assim, dependendo do vínculo criado com o falecido e da própria personalidade do jovem, podem ocorrer choque e desespero, fazendo com que este se sinta perdido. Além disso, a perda de uma pessoa próxima pode gerar no adolescente a consciência da própria mortalidade, contrapondo-se com o sentimento de invulnerabilidade comum a este período da vida.

No período pós-perda, são vivenciados processos de elaboração do luto no qual ocorrem fenômenos de enfrentamento de perdas significativas e de elaboração da dor derivada das mesmas (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2003). O período de vivência do luto costuma ser caracterizado por diversas mudanças. Além de ter que lidar com o pesar da perda, o adolescente ou o adulto jovem passa por rupturas, descaracterizando sua condição de filho e protegido para situá-lo no campo da orfandade. (PAPALIA; OLDS, 2000).




O Idoso e a Morte

A idade avançada traz consigo a aproximação da morte. A velhice, vista por muitos como o começo do fim, aos olhos da pessoa idosa, de acordo com estudiosos do assunto, associa-se muito mais ao medo da dependência do que da morte. É necessário considerar que a velhice expõe as pessoas a muitas perdas, tanto sob o ponto de vista físico quanto emocional e social. Nesta fase a fé ou a devoção religiosa fortalece a aceitação da morte e é um recurso amenizador da solidão ou do sofrimento da perda.

Pesquisas apontam que morre bem quem viveu bem. Para Zimerman (2000), as pessoas idosas com maior dificuldade de elaboração da morte são aquelas que não conseguiram estabelecer um bom relacionamento com as pessoas em vida, o que sugere uma reflexão sobre a avaliação dos afetos e sua importância no devir.

O Processo de Luto

Segundo Kastenbaum e Aisembesrg (1983), a morte sempre existiu, mas nem sempre teve representações nítidas em nossas mentes. Portanto, precisamos morrer, até porque iremos ajudar a perpetuar a espécie que se nutre da morte de seus indivíduos para se preservar.

O processo de luto ocorre quando perdemos alguém muito próximo. A maioria das pessoas enlutadas é capaz de com o tempo, e com a ajuda da família e amigos, de reconciliar-se com sua perda e retomar as suas atividades normais. Para outras, no entanto, é indicado ajuda psicoterapêutica. Para Worden (1998), é essencial que a pessoa enlutada realize quatro tarefas básicas, antes que o processo de luto possa ser completado. Segundo ele, tarefas de luto não elaboradas podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento futuros. Diz que essas tarefas não precisam ser necessariamente seguidas, em ordem especifica, mas ele sugere a seguinte ordem: I – Aceitar a realidade da perda;

II – Elaborar a dor da perda; III – Ajustar-se a um ambiente onde está faltando a pessoa que faleceu; IV – Reposicionar, em termos emocionais, a pessoa que faleceu e continuar a vida.

Fonte: https://psicologado.com/atuacao/tanatologia/a-morte-e-a-elaboracao-do-luto-na-visao-de-alguns-autores © Psicologado.com

Fonte: https://psicologado.com/atuacao/tanatologia/a-morte-e-a-elaboracao-do-luto-na-visao-de-alguns-autores © Psicologado.com

Referências:

BAUER, M.W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 4. ed: Vozes, 2002. BOSS, P. A perda ambígua. In F. Walsh & M. Mcgoldrick (Orgs.), Morte na família: Porto Alegre: Artes Médicas. BROMBERG, M. H. P. F. (1994). Famílias enlutadas. Em M. M. M. J. Carvalho (Coord.), Introdução a psiconcologia (pp. 243-259). Campinas: Psy. CASSORLA, R.M.S. Como Lidamos com o Morrer - Reflexões Suscitadas no Apresentar este Livro. In: Cassorla, R.M.S. (org.).Da Morte: Estudos Brasileiros. Campinas: Papirus, 1998. D’ ASSUMPÇÃO A. E. Dizendo a Deus (como viver o luto, para superá-lo) 2 ed. Belo Horizonte: PUC Minas, 2001. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. KASTENBAUM, R. e AISENBERG, R. Psicologia da morte, São Paulo, Pioneira, 1983. KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREB, J. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. 7 ed. Td. Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 2003. KÜBLER- ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes Ltda.8 ed. 1998. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E.M.. Fundamento de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. PAPALIA, D.; OLDS, S. Desenvolvimento Humano. 7 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. PINCUS, L. (1989). A família e a morte: como enfrentar o luto. Rio de Janeiro: Paz e Terra. PITTA, A. Hospital:dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec, 1999. STEDEFORD, A. Encarando a morte. Porto Alegre: Artes Médicas. TORRES, W. C. A Criança Diante da Morte: desafios – São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. WORDEN, J.W. Terapia do luto, 2 ed. Artes médicas, 1998. VALDEMAR, A. A; CARVALHO, H.B.C;. SEBASTIANI, R.W; FONGARO, M.L.H; SANTOS, C.T. E a Psicologia Entrou no Hospital. São Paulo: Pioneira, 2003. Fonte: https://psicologado.com/atuacao/tanatologia/a-morte-e-a-elaboracao-do-luto-na-visao-de-alguns-autores © Psicologado.com

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Historia da NECROPSIA

HISTORIA
Uma autópsia, necropsia, necrópsia ou exame cadavérico é um procedimento médico que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou ferimento que possa estar presente. É geralmente realizada por um médico especializado, chamado de legista num local apropriado denominado morgue, ou necrotério.
A necropsia (necros = morto + scopion = observar) ou autopsia (auto= si próprio) é um procedimento médico que visa analisar as alterações orgânicas após a morte. É subdividida em três tipos: 1) Necropsia médico-legal ou forense, que se destina a identificar o processo da morte em casos de violência ou de causa duvidosa; 2) Verificação de óbito, realizada em casos de morte não violenta de pessoas sem acompanhamento médico regular 3) Necropsia hospitalar, realizada por médicos anatomopatologistas, em pacientes internados, falecidos em decorrência de doenças.

XVIII A.C. Código de Hamurabi gravadas em monólito (pedra de grandes dimensões, ou uma obra ou monumento construído a partir de um só bloco de rocha), cerca de 1700 A.C., que contém cerca de 282 parágrafos regulamentando o a prática da medicina e da odontologia na Babilônia. Estabelecia em um dos seus artigos que “Se um médico tratou um ferimento grave de um escravo de um homem pobre, com uma lanceta de bronze, e causou a morte do escravo, deve pagar escravo por escravo”. As penas iam desde multas a amputações das mãos dos médicos. Os honorários também eram estabelecidos.


INDIA V A.C. Código de Manu, na Índia, proibia que crianças, velhos, embriagados, débeis mentais e loucos fossem ouvidos como testemunhas. Outros tópicos demonstram a série de idéias sobre valores, tais como Verdade, Justiça e Respeito: “Somente homens dignos de confiança, isentos de cobiça podem ser escolhidos para testemunhas de fatos levados a juízo, sendo tal missão vedada para as castas inferiores”. “Nenhum infeliz acabrunhado pelo pesar, nem ébrio, nenhum louco, nenhum sofrendo de fome ou sede, nenhum fatigado em excesso, nenhum que está apaixonado de amor, ou em cólera, ou um ladrão”.


44 a.C. Primeiro exame médico de uma vítima de homicídio registrado na história: morte de Júlio César. Seu corpo foi analisado por Antitius, um médico que era seu amigo, constatando-se 23 golpes, sendo que apenas um foi mortal. O exame não foi realizado como médico perito, mas como cidadão do Império Romano. 1ª necropsia legal: Agripina, mãe de Nero, datada de 59 d.C • Júlia Agripina Menor (em latim: Júlia Agripina Minor[2]), também conhecida como Agripina, a Jovem ou Agripinila e, depois de 50, como Júlia Augusta Agripina, foi uma imperatriz-consorte romana e uma das mais poderosas mulheres da Dinastia júlio-claudiana. Ela era bisneta do imperador Augusto, sobrinha-neta e neta adotiva de Tibério, irmã de Calígula, sobrinha e quarta esposa de Cláudio e mãe de Nero. Ela foi descrita nas fontes modernas e antigas com adjetivos como "implacável", "ambiciosa", "violenta" e "dominadora". Ela era bela, tinha boa reputação e, de acordo com Plínio, o Velho, ela tinha um canino duplo na direita da mandíbula superior, um sinal de boa sorte na época. Muitos dos historiadores antigos acusam Agripina de ter envenenado o imperador Cláudio, mas os relatos divergem entre si.


A Fase Humoral (Idade Antiga - final da Idade Média) O mecanismo da origem das doenças era explicado, nessa fase, pelo desequilíbrio de humores. Os humores eram considerados os líquidos do corpo, em particular, a água, o sangue e a linfa. Os deuses tinham o poder de controlar esse desequilíbrio, bem como de restituir a normalidade do organismo. Essa visão mítica de doença foi criada principalmente pela civilização antiga grega.


Fase Orgânica (séc. XV - XVI) Nessa época, há o predomínio da observação dos orgãos do corpo, feita principalmente às custas das atividades de necrópsia (estudo do cadáver) ou de autópsia (estudo de si mesmo).

Em primeiro lugar, a restrição à dissecação de cadáveres humanos nasceu em entre os pagãos, não entre os cristãos. E o maior difusor dessa restrição foi o romano Galeno de Pérgamo, o mais célebre médico da Antiguidade, ao lado de Hipócrates. Viveu no século II e produziu mais de 200 obras dedicadas à Medicina. Galeno era um grande cientista e fez importantes descobertas, mas cometeu alguns erros teóricos, justamente porque não fazia autópsia em corpos humanos, mas somente em animais (em especial, em macacos e porcos). Isso era motivado por sua crença religiosa pagã. Galeno influenciou fortemente as práticas médicas dos séculos seguintes, e seus conceitos foram bem absorvidos pela civilização cristã. Por isso, de fato, as autópsias em cadáveres humanos foram deixadas de lado por muito tempo. Entretanto, com o passar dos anos, os médicos passaram a questionar as restrições de Galeno, e assim a prática da dissecação de corpos humanos foi retornando progressivamente.

A Histologia e a Fisiologia são as matérias atuais relacionadas a essa fase. Mais detalhadamente, os estudos sobre os tecidos preocupam-se, principalmente, com os mecanismos fisiológicos intercelulares, envolvendo também observações sobre o interstício.
A Fase Tecidual (séc. XVI-XVIII) A Fase Tecidual enfatiza a estrutura e a organização dos tecidos. É nesse período que se iniciam os primeiros estudos sobre as alterações morfológicas teciduais e suas relações com os desequilíbrios funcionais.

O grande sucesso da teoria celular verificou-se na patologia e na fisiologia, com o estudioso alemão Rudolf Virchow (1821-1902), de formação médica, a deslocar o centro da doença dos tecidos para as células. A célula doente foi por ele considerada não como uma estrutura qualitativamente diferente, mas apenas como uma modificação da célula sã. Esta afirmação abriu caminho a pesquisas sobre a identificação das condições que alteram o estado normal de uma célula e a resposta da própria célula àquelas condições patológicas.


Rudolf Ludwig Karl Virchow (Świdwin, 13 de outubro de 1821 — Berlim, 5 de setembro de 1902) foi um médico e político polonês. É considerado o pai da patologia moderna e da medicina social, além de antropólogo e político liberal (Partido Progressista Alemão e Partido Livre-Pensador Alemão).

Baron Karl von Rokitansky (Hradec Králové, 19 de fevereiro de 1804 – Viena, 23 de julho de 1878) foi médico, patologista, humanista, filósofo e político liberal austríaco.

Maurice Joseph Lucien Eleonor Letulle, nascido em Mortagne-au-Perche no Orne 19 de março de 1853 e morreu em Paris em 1 de Janeiro de 1929, é um médico especializado em patologia e professor associado na Faculdade de Medicina de Paris . Ele segura a cadeira de anatomia patológica de Paris (1917).


Anton Ghon (01 de janeiro de 1866 - 23 de abril de 1936) foi um austríaco patologista que era um nativo de Villach . Em 1890 ele ganhou seu grau médico em Graz , e, posteriormente, passou vários anos no instituto patológico em Viena , onde trabalhou com Anton Weichselbaum (1845-1920). Em 1910 tornou-se professor de patológica anatomia na Universidade alemã em Praga .


No Brasil

Raimundo Nina Rodrigues nasceu no Engenho São Roque, na cidade de Vargem Grande, interior de Maranhão, no dia 4 de dezembro de 1862. Viveu na mesma época que Juliano Moreira, uma época marcada por mudanças sociais e comportamentais. Nina iniciou seus estudos na capital maranhense onde passou pelo Colégio São Paulo e Seminário das Mercês. Veio para Salvador, na Bahia, quando se matriculou na Faculdade de Medicina da Bahia - FAMEB aos 19 anos, porém, deslocou-se novamente e doutorou-se no Rio de Janeiro, em 1887, defendendo a tese “Das Amiotrofias de Origem Periférica”. Dois anos depois ocupou a cadeira de adjunto de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Bahia, em Salvador. Nesta época dedicou-se a escrever artigos para a Gazeta Médica da Bahia, chegando à direção da FAMEB em 1891. Nesse mesmo ano foi transferido para a cadeira de Saúde Pública, como professor de medicina legal. Tentou por várias vezes a criação da habilitação específica para perito médico, o que só veio a acontecer anos depois (CORRÊA, 2005-6).


Júlio Afrânio Peixoto nasceu em Lençóis, na Bahia, em 17 de dezembro de 1876. Filho do capitão Francisco Afrânio Peixoto e de Virgínia de Morais Peixoto. Afrânio Peixoto diplomou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1897. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1902, onde foi diretor do Hospital Nacional de Alienados e catedrático de Higiene da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Foi deputado federal pela Bahia de 1924 a 1930, professor de História da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932) e reitor da Universidade do Distrito Federal, em 1935. Autor de várias obras científicas na área de Medicina Legal e Higiene. Defendia, por exemplo, que doenças tropicais não existem, mas que precárias condições sanitárias, existentes em vários países tropicais, podem causar doenças, um ponto de vista inovador, na época. ​


917 Oscar Freire, na Bahia, também luta pela transformação da estrutura médico-legal da Estado. Em 1917, passa a trabalhar na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, morrendo em 1925, deixando grande contribuição à Medicina Legal Brasileira.

1938 Autopsia de Lampião
Autópsia de Lampião Autópsia não foi definitiva WILLIAM FRANÇA DO ENVIADO ESPECIAL Há vários fatos curiosos envolvendo a história da suposta morte de Lampião. Um deles é que sua cabeça ficou 30 anos, seis meses e nove dias insepulta, aguardando pronunciamento da Justiça. Só foi enterrada em fevereiro de 1969, no cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, depois que a Presidência da República (governo Costa e Silva) o indultou. Durante todo esse tempo, foi exibida para estudantes e curiosos. E só foi submetida a um exame necrológico quatro dias depois do degolamento em Angico. O autor da única autópsia feita na cabeça, José Lages Filho, do IML de Maceió, registrou que o estado em que a recebeu -em decomposição, quatro dias após ser decepada, e com um tiro que atravessou o crânio- impediu que ele fizesse "um estudo acurado". Por isso, ele só sugeriu no laudo que ela pertencesse a Lampião. Lages Filho escreveu: "Em resumo, embora presentes alguns estigmas físicos na cabeça de Lampião (...), faltam deformações e outros sinais aos quais tanta importância emprestava caracterização do criminoso nato". A Fundação Joaquim Nabuco tem cópia do laudo ​ ​ ​ A revista carioca A Noite Ilustrada publicou a maior cobertura da imprensa sobre a morte do mais famoso cangaceiro, fato que evidenciava sua importância como notícia e lenda. A capa da edição da quarta-feira 9 de agosto de 1938, da revista A Noite Ilustrada, lançada 11 dias depois do massacre na Fazenda Angicos, município de Piranhas, entre Alagoas e Sergipe, onde morreram Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938), o Lampião, Maria Bonita e mais nove pessoas, é emblemática. Após acamparem em uma fazenda na região do sertão de Sergipe, às 5:15 da manhã foram pegos de surpresa por tiros de metralhadoras da polícia, a mando do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva. O ataque durou cerca de vinte minutos. Um dos primeiros a morrer foi o próprio Lampião. Depois da morte do líder, poucos cangaceiros conseguiram escapar. Dos trinta e quatro, onze morreram na hora. Ao fim do ataque, a polícia degolou alguns dos cadáveres e exibiu as cabeças empilhadas como prêmio, nascendo uma das fotos mais famosas da História nacional

FASE MODERNA



Em 2007, no pior desastre aéreo já registrado em solo brasileiro, uma aeronave da TAM atravessou a pista no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e pegou fogo após se chocar com um posto de gasolina, matando 199 pessoas. As tecnicas de necropsia e identificação foram aperfeiçoadas nesta fase.

Um terceiro, em 2009, envolveu um Airbus da Air France que fazia a rota Rio-Paris e caiu no Oceano Atlântico, com 228 pessoas a bordo.
Voo Air France 447 era a identificação da rota aérea regular de longo curso operada pela companhia francesa Air France entre Rio de Janeiro e Paris. Tornou-se conhecido pelo acidente aéreo ocorrido durante o voo da noite de 31 de maio para 1 de junho de 2009, efetuado pelo Airbus A330-203, quando a aeronave se despenhou no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo (216 passageiros e 12 tripulantes). O avião, de matrícula F-GZCP, partiu do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Galeão a 31 de maio de 2009, às 19h29min locais (22h29 UTC),[4] 1.1 e deveria chegar ao Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle 10h34min depois [1]. O último contato humano com a tripulação foram mensagens de rotina enviadas aos controladores de terra brasileiros 3 horas e 06 minutos após o início do voo,[1] pág 1/5 quando o avião se aproximava do limite de vigilância dos radares brasileiros, cruzando o Oceano Atlântico en route, seguindo para a costa senegalesa, na África Ocidental, onde voltaria a ser coberto por radares. Quarenta minutos mais tarde, uma série de mensagens automáticas emitidas pelo ACARS (Aircraft Communications Addressing and Reporting System ou Sistema Dirigido de Comunicação e Informação da Aeronave) foram enviadas pelo avião, indicando problemas elétricos e de perda da pressurização da cabine da aeronave, sem que houvesse outras indicações de problemas. Por não se confirmar a esperada aparição da aeronave nos radares senegaleses e não ter sido possível o contato com o controle de tráfego aéreo de ambos os lados do Oceano Atlântico, teve início uma busca pelo avião. Posteriormente, o Ministro dos Transportes da França, Jean-Louis Borloo, admitiu que "a situação era alarmante" e que a aeronave poderia ser dada como desaparecida já que, pelo tempo decorrido, teria esgotado suas reservas de combustível.[5] Em 2 de junho foram reportadas observações aéreas e marítimas de destroços no oceano, perto da última localização conhecida do aparelho.[6] À medida que as buscas continuaram, a França enviou o navio de pesquisa Pourquoi Pas? [7], equipado com dois mini-submarinos capazes de realizar buscas a uma profundidade de 4.700 m. O Brasil enviou cinco navios para o local, dentre os quais um navio-tanque para prolongar as buscas na área. O porta voz da marinha brasileira afirmou que a existência de destroços poderia ser um indício de haver sobreviventes.

Na tarde de 2 de junho o ministro da defesa do Brasil, Nelson Jobim, confirmou a queda do avião no Oceano Atlântico, na área onde foram avistados os destroços. Na noite do mesmo dia, o presidente brasileiro em exercício, José Alencar, tendo em vista a localização do acidente em alto-mar, decretou luto nacional por três dias, em memória às vítimas da tragédia. A 3 de junho o Estado Maior do Exército francês confirmou que os destroços encontrados pertenciam ao Airbus desaparecido.

Numa manhã de domingo, em meados de março, encontrei com o médico Francisco Sarmento, encarregado das autópsias do voo 447. O momento acabou sendo estranho para uma visita. Dois dias antes de eu encontrar com Sarmento, o necrotério onde as autópsias foram realizadas havia sido fechado por inspetores devido a “sangue nas paredes”, “corpos empilhados uns sobre os outros nas gavetas e no chão”, um”forte odor de putrefação” e um desfile de outros horrores, como “um corpo sendo arrastado pelo chão por dois funcionários”. (Desde então, o local já foi reaberto.)


“Quando ficamos sabendo, tivemos medo”, disse ele. “Não tínhamos espaço para 228 corpos. Havia 33 nacionalidades a bordo, por isso tivemos de cooperar com outros países. Precisávamos de impressões digitais, registros dentários, fotos de tatuagens. Contatamos a Interpol imediatamente e eles nos enviaram duas pessoas para trabalhar aqui e fazer a conexão com os demais países.” Neste momento, Sarmento ergue um dedo com ar de irritação. “Depois de uma semana”, disse ele, “o governo francês ligou e pediu para enviar um representante para observar as autópsias.” Grande parte do trabalho de medicina legal foi feito no em outro local, mas os exames finais dos corpos foram realizados no Recife.